A mediunidade, enquanto faculdade imanente ao ser humano, existiu desde o início da presença deste na Terra. Suas manifestações, também conhecidas como mediunismo, são um fato natural observado pelos diversos povos. Nota-se que cada sociedade acolheu e compreendeu tais ocorrências de modo próprio, conforme seu contexto social, econômico, cultural e religioso, bem como seu nível de conhecimento. Assim, comumente lhes foi atribuído o caráter mágico, supersticioso e até mesmo demoníaco (1).
Por outro lado, o Espiritismo, desenvolvido no século XIX e estruturado por Hippolyte Léon Denizard Rivail, Allan Kardec, é um sistema religioso, filosófico e científico que se prestou a observar, catalogar e comparar esses acontecimentos até então considerados extraordinários. A partir dessa experimentação, ele forneceu uma teoria que pudesse não só os explicar, mas também lhes extrair as consequências (2).
Verifica-se, pois, que Espiritismo e mediunidade não se confundem, já que esta é objeto de estudo daquele. E a grande contribuição dada pelo trabalho espiritista à temática foi a abordagem racional, com rigor científico, que viabilizou o entendimento dos mecanismos que possibilitam o intercâmbio mediúnico. O esforço kardequiano permitiu, assim, uma interpretação racional das manifestações medianímicas, incluindo-as no campo do natural e não do maravilhoso (3).